Na tarde desta sexta-feira, 7, um grupo de 111 brasileiros deportados dos Estados Unidos desembarcou em Fortaleza, no Ceará, relatando situações de constrangimento e sofrimento durante o trajeto de volta ao Brasil. Segundo informações da secretária de Direitos Humanos do estado, Socorro França, os repatriados viajaram algemados e enfrentaram privações básicas, como a falta de alimentação adequada.
“Estavam famintos, não comeram praticamente nada durante o voo. Só conseguiram se alimentar após desembarcarem aqui. Eles chegaram acorrentados, com algemas, e emocionalmente abalados. Todos relataram ter passado por momentos muito difíceis: presos, quase sem comida”, afirmou a secretária em entrevista à imprensa.
Entre os deportados, muitos eram crianças e adolescentes, conforme destacou França. No entanto, ela não soube informar se esses menores também estavam algemados durante o trajeto. “Nosso primeiro passo foi conversar com eles para entender o estado físico e emocional em que se encontravam”, explicou.
As algemas foram retiradas antes do desembarque, permitindo que os brasileiros deixassem o avião com mais dignidade. Após pisarem em solo brasileiro, receberam atendimento médico, além de alimentos e água para minimizar o desconforto causado pela longa viagem.
O voo saiu da cidade de Alexandria, no Estado da Luisiana (EUA), e fez uma breve parada técnica em Porto Rico, onde houve um atraso de aproximadamente 15 minutos. A aeronave seguiu então para Fortaleza, onde pousou sob os cuidados das autoridades locais.
Após a chegada, parte dos deportados embarcou em um avião da Força Aérea Brasileira (FAB) com destino a Belo Horizonte (MG). A previsão era de que o grupo chegasse à capital mineira por volta das 21h20, horário de Brasília.
Este episódio marca o segundo voo com brasileiros deportados desde a posse de Donald Trump, em janeiro deste ano, e o terceiro registrado em 2023. O primeiro ocorreu no dia 10 de janeiro, antes das eleições presidenciais nos Estados Unidos, quando 114 brasileiros retornaram ao país em condições semelhantes.
As denúncias de maus-tratos reforçam as preocupações sobre os direitos humanos e as condições enfrentadas por imigrantes em processos de deportação. As autoridades brasileiras agora trabalham para oferecer assistência integral aos repatriados e garantir que suas necessidades sejam atendidas neste momento delicado.
Share via: