As plataformas de áudio estão cada vez mais focadas em ir para outras mídias, como podcasts, audiobooks e vídeos. Antes que pareça uma reclamação, não é. Pelo contrário, se estou pagando e o serviço aumenta anualmente, eu quero melhorias.
Por outro lado, a visão de usuário que nasceu e ganhou bagagem cultural no ambiente musical me deixa carente por mais informação, versões das faixas com qualidade e compatibilidade com o sistema de som em casa – não, não é um home theater imersivo com caixa do pé ao teto, é só uma caixa de monitor de estúdio bem comum de mercado, até porque sempre aconselho que é melhor comprar um fone parrudo que um sistema de som caro.
Em outras palavras, me faz falta um streaming feito para a música. O mais perto que achei dessa minha demanda é o Qobuz (Android, iOS), um app francês que o principal diferencial é 240 mil álbuns em alta qualidade de som (Hi-Res de 24-bits). E isso faz uma senhora diferença, dica: ouça Sabrina Carpenter ‘Taste’ na versão em Hi-Res e na versão normal para perceber as nuances.
Contribui para o app o fato de que há uma revista musical bem-feita, com reportagens, entrevistas e análises sobre a cena musical e traduzida para o português – ok, naquele esquema AI-at-all que dá para perceber de longe que foi apoiado por alguma plataforma generativa.
Mas o principal é que esses conteúdos produzidos pela revista levam o usuário diretamente às obras dos artistas citados. Seja um novo prodígio do jazz ou uma estrela pop em ascensão.
Outra coisa muito boa é a possibilidade de buscar por gravadora, desde as clássicas como Naxos e até a Interscope, de artistas do pop, rock e outros gêneros mais comuns. Também tem uma área dedicada a ver o histórico das músicas que ouviu recentemente no player, ao lado da fila de espera.
Ressalvas do Qobuz
Lado ruim do app são as sugestões, um pouco repetitivas e óbvias, o que é uma vantagem para os incumbentes do streaming. Poucas músicas brasileiras estão em Hi-Res. Poderia ter podcasts sobre música atrelados à revista, ou seja, sem sair do tema e da plataforma. O design também não é tão fluido quanto o dos competidores e faltam funções de interações, como as letras.
Mas a pior questão é que o app não tem uma versão gratuita, algo que poderia ser baseado em publicidade ou outro modelo de negócio. Sem assinar, as músicas ficam tocando aleatoriamente e pouco menos de 30 segundos – algo ótimo para a geração TikTok, mas péssimo para a geração mais analógica que gosta de ouvir álbum de cabo a rabo.
E o usuário precisa ficar atento à assinatura. Por exemplo, a assinatura básica (solo) custa a partir de R$ 21,60 no site da empresa, um preço ok e a equipe do app está de parabéns – raramente apps de fora e sem equipe local conseguem colocar um valor de fora que condiz com a realidade local.
Mas se assinar diretamente pela Play Store do Google sai por R$ 30 e pela App Store R$ 35.
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