Levantamento promovido pela Frente Parlamentar Mista da Educação e realizado pela Equidade.Info – iniciativa do Lemann Center da Stanford Graduate School of Education – mostra que dois em cada três alunos tiram dúvidas sobre conteúdo pedagógico no celular, e apenas 34% do total preferem perguntar ao professor do que pesquisar pelo dispositivo móvel. Ainda assim, usa-se mais o celular para WhatsApp e redes sociais do que para consultas de conteúdo escolar. Os dados fazem parte de um panorama dos impactos da restrição dos aparelhos em sala de aula e foram apresentados nesta terça-feira, 27, na Câmara dos Deputados.
O estudo foi realizado a partir de questionários aplicados entre os meses de fevereiro e maio deste ano, envolvendo a participação de 1.057 alunos do Ensino Fundamental II e Ensino Médio, distribuídos por todas as regiões do país. O nível de confiabilidade foi estimado em 95%.
Conforme os resultados, 46% dos entrevistados afirmam levar o celular para a escola. O comportamento é mais frequente entre alunos do Ensino Médio (63%). No Ensino Fundamental, é o contrário: 69% não levam os aparelhos.
Entre os estudantes que afirmaram levar o dispositivo para o colégio, 32% dizem que nunca o utilizam na escola, 24% dizem utilizar “às vezes”, e uma minoria (16%) respondeu que “sempre” ou “frequentemente”.
Ao apresentar os dados, o professor da Universidade de Stanford, Guilherme Lichand, analisa que, ao menos para o Ensino Fundamental II, “as novas regras induzem os alunos a não levar mais os aparelhos”. Já no Ensino Médio, o efeito da política pode ser mais no sentido de “ao levar, usar menos ou usar de forma mais adequada dentro da escola”.
Onde e para quê o celular é usado
O local em que o celular é mais utilizado (54%) é dentro da sala de aula, seguido do pátio (53%) e do banheiro (32%). Na maioria dos casos, com exceção do pátio, a frequência é maior entre os alunos do Ensino Médio. Veja abaixo:
Questionados sobre os motivos para utilizar o celular na escola, a maioria dos alunos (75%) diz que é para “se comunicar com a família”. O WhatsApp aparece como o segundo uso mais comum entre os alunos (53%), seguido das redes sociais (45%), streaming de música (43%) e, só então, aparecem os usos pedagógicos, 39% (veja abaixo).
O relatório da Equidade.Info observa que diferente dos estudantes, os docentes e gestores têm outra percepção, eles dizem que o uso é feito mais para diversão e entretenimento.
Sobre a discrepância entre as visões de alunos e docentes, Lichand reconhece que “é difícil saber quem está correto”.
“De um lado [alunos], há pressões para não reportar [o uso] e, do outro [professores e gestores] há crenças que talvez não estejam 100% bem informadas. Mas é importante ver essas divergências como desafios de uma política em fase inicial de implementação”, afirmou.
Entre outros apontamentos destacados na pesquisa está o de que um em cada três alunos diz não saber da proibição de celulares. Além disso, mais de 50% dos estudantes, de forma geral, relataram dificuldades em reduzir o tempo de uso das telas.
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