Flávio Dino e o STF: Quatro votos contra Zambelli, silêncio sobre bandidos armados

Em mais um capítulo da saga judicial que parece priorizar alvos políticos em vez de problemas reais, o Supremo Tribunal Federal (STF) avança na condenação da deputada Carla Zambelli (PL-SP) por porte ilegal de arma de fogo. No dia 23 de março de 2025, o ministro Flávio Dino deu o quarto voto a favor da punição, consolidando um placar de 4 a 0 contra a parlamentar. O caso, que remonta a um episódio em 2022, quando Zambelli foi flagrada com uma pistola durante um desentendimento em São Paulo, expõe uma Justiça que parece obcecada em criminalizar uma figura pública enquanto ignora a impunidade de bandidos e traficantes que andam armados livremente pelas ruas.

A acusação contra Zambelli é baseada no porte ilegal de uma arma que, segundo a lei, exige registro e autorização adequados. O incidente ocorreu em um momento de tensão política, às vésperas das eleições, quando a deputada perseguiu um homem com quem teve um atrito, exibindo a pistola em público. Não há dúvidas de que o ato foi imprudente e passível de investigação. Mas o que impressiona é a velocidade e o rigor com que o STF, liderado por figuras como Dino, conhecido por sua postura ideológica alinhada ao governo Lula, tem tratado o caso. Enquanto isso, o Brasil assiste diariamente a traficantes exibindo fuzis em favelas, criminosos aterrorizando comunidades com armamentos pesados e uma escalada de violência que parece invisível aos olhos da Corte.

Onde está a mesma energia do STF para julgar os verdadeiros responsáveis pela insegurança que assola o país? Bandidos armados circulam sem pudor, muitas vezes com arsenais que fariam inveja a forças policiais, e a resposta do Judiciário é um silêncio ensurdecedor. Dados do Fórum Brasileiro de Segurança Pública mostram que, em 2023, mais de 47 mil pessoas foram assassinadas no Brasil, muitas delas vítimas de crimes envolvendo armas ilegais. Quantos desses casos chegaram ao STF com a mesma urgência que o processo de Zambelli? A resposta é simples: quase nenhum. A prioridade da Corte parece ser outra — punir adversários políticos enquanto a população segue refém do crime organizado.

A postura de Flávio Dino, ex-governador e agora ministro do STF, reforça a percepção de que o tribunal opera com dois pesos e duas medidas. Dino, que já foi aliado de Lula e defensor de pautas progressistas, vota pela condenação de Zambelli em um caso que, embora grave, não se compara à ameaça representada por traficantes que controlam territórios inteiros. A pena prevista para a deputada pode chegar a até cinco anos de prisão, mas e os criminosos que ostentam fuzis em vídeos nas redes sociais? Esses, ao que parece, não merecem a atenção da Corte Suprema.

A crítica aqui não é uma defesa cega de Zambelli, que deve responder por seus atos como qualquer cidadão. É, sim, um questionamento à hipocrisia de um sistema judicial que gasta tempo e recursos para punir uma parlamentar enquanto fecha os olhos para a violência armada que mata milhares todos os anos. O STF, com seus quatro votos contra Zambelli, manda um recado claro: a Justiça é implacável com quem tem visibilidade política, mas leniente com os bandidos que realmente ameaçam a sociedade. Até quando essa inversão de prioridades será tolerada?

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