Em um esforço para aliviar a tensão no conflito que já dura mais de um ano, Israel e o Hamas concordaram com uma nova trégua, mediada pelos Estados Unidos, Catar e Egito, que entrará em vigor no próximo domingo, 19 de janeiro de 2025. Este acordo chega em um momento crucial, apenas dias antes da cerimônia de posse do novo governo americano.
O cessar-fogo, que será a segunda tentativa de pausa nos combates desde o início da guerra em outubro de 2023, visa a libertação gradual de todos os cerca de cem reféns que ainda estão sob controle do Hamas. As negociações intensificadas resultaram em um plano detalhado que inclui três fases principais:
- Primeira Fase: Durante aproximadamente seis semanas, a partir do domingo, serão libertados 33 reféns, entre eles crianças, mulheres, homens acima de 50 anos, feridos e doentes. Em troca, Israel libertará mais de 1.000 prisioneiros palestinos, incluindo 30 que cumprem sentenças de prisão perpétua. Nesta fase, as tropas israelenses começarão a se retirar de áreas densamente povoadas de Gaza.
- Segunda Fase: Esta etapa envolve a libertação dos demais reféns vivos e a retirada completa das forças israelenses de Gaza. A duração e os detalhes exatos ainda estão em negociação, mas a expectativa é que esta fase comece cerca de um mês e meio após o início do cessar-fogo.
- Terceira Fase: Focada na reconstrução de Gaza e na devolução dos corpos dos reféns que não sobreviveram, esta fase pretende marcar o fim do conflito e o início de um processo de paz mais duradouro. Será criada uma comissão de monitoramento, administrada por Egito, Catar e Estados Unidos, para garantir o cumprimento do acordo.
O acordo foi anunciado em Doha pelo primeiro-ministro do Catar, Mohammed bin Abdulrahman al Thani, e recebeu endosso do presidente dos EUA, Joe Biden, que enfatizou a importância de um cessar-fogo duradouro na região. No entanto, o Hamas exigiu a retirada total das forças israelenses do corredor de Filadélfia, o que Israel relutantemente aceitou, mas em etapas.
A implementação dessa trégua ocorre em um contexto político complexo, com a transição presidencial nos EUA iminente. Donald Trump, o presidente eleito, já se manifestou publicamente, afirmando que os reféns serão libertados em breve e tomando crédito pelo acordo, o que levanta questionamentos sobre a continuidade e a estabilidade do processo de paz.
Em Israel, o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu enfrenta resistência de membros da ultradireita religiosa em seu gabinete, que criticam o acordo e ameaçam uma crise parlamentar. A reação dos palestinos à retirada das tropas israelenses e à libertação dos prisioneiros também será crucial para o sucesso do cessar-fogo.
Este acordo, se implementado conforme planejado, pode representar um passo significativo em direção ao fim de um dos conflitos mais duradouros e violentos do Oriente Médio, mas tanto a comunidade internacional quanto as partes envolvidas permanecem cautelosas quanto à possibilidade de violações e ao potencial de recomeço das hostilidades.
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