Sabores regionais ganham destaque em nova onda gastronômica no Brasil

Uma revolução silenciosa está tomando conta das cozinhas brasileiras, onde os sabores regionais, antes relegados a tradições locais, agora brilham como protagonistas de uma nova onda gastronômica. Nesta segunda-feira, 7 de abril de 2025, chefs, críticos e entusiastas celebram o resgate de ingredientes e receitas típicas, que estão conquistando paladares dentro e fora do país, em um movimento que une identidade cultural e inovação culinária.

De norte a sul, pratos como o tacacá amazônico, o acarajé baiano e o barreado paranaense estão sendo revisitados por uma geração de cozinheiros que buscam valorizar a diversidade do Brasil. Em São Paulo, o restaurante Raízes do Sertão, aberto há seis meses, já é sucesso ao oferecer uma releitura contemporânea do baião de dois, feito com queijo coalho artesanal e feijão-verde colhido por pequenos produtores. “Queremos mostrar que o Brasil é muito mais que feijoada e pão de queijo”, diz a chef pernambucana Ana Clara Souza, responsável pelo menu.

O movimento vai além da nostalgia. A crescente demanda por autenticidade e sustentabilidade tem impulsionado o uso de ingredientes regionais, muitas vezes ignorados pela indústria de massa. O pequi do Cerrado, o jambu do Pará e a castanha de baru do Centro-Oeste aparecem em pratos criativos, como risotos, molhos e até sobremesas. Em Porto Alegre, o chef gaúcho Lucas Mendes ganhou elogios ao criar um sorvete de erva-mate com mel de abelhas nativas, unindo tradição e sofisticação.

Festivais gastronômicos também têm ajudado a ampliar o alcance dessa tendência. O “Sabores do Brasil”, realizado em março em Brasília, reuniu mais de 50 mil pessoas e destacou cozinhas regionais em oficinas e degustações. “É um momento de orgulho nacional. Estamos contando nossa história através da comida”, afirma Mariana Albuquerque, organizadora do evento.

Críticos gastronômicos apontam que o fenômeno reflete uma busca global por raízes culturais em tempos de homogeneização. “O Brasil tem um potencial enorme para se firmar como referência gastronômica mundial, mas precisa investir na divulgação desses sabores”, avalia João Silva, colunista da revista Sabor. Exportações de produtos como farinha de mandioca e pimenta biquinho já mostram crescimento de 18% em 2024, segundo o Ministério da Agricultura.

Para os chefs, o desafio agora é equilibrar tradição e inovação, mantendo a essência dos pratos enquanto os adaptam a paladares modernos. Seja em restaurantes estrelados ou em feiras de rua, os sabores regionais provam que a cozinha brasileira está pronta para assumir seu lugar no centro da mesa global.

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