Em um movimento que muitos simpatizantes do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) consideram politicamente motivado, o Supremo Tribunal Federal (STF) deve manter a retenção do passaporte do ex-mandatário, impedindo-o de comparecer à posse do presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, marcada para o dia 20 de janeiro de 2025. A decisão, que se baseia em investigações sobre uma suposta tentativa de golpe de Estado, é vista por defensores de Bolsonaro como uma manobra para prejudicar sua imagem internacional e restringir sua liberdade.
Bolsonaro, que foi um dos últimos líderes mundiais a reconhecer a vitória de Joe Biden em 2020, tem uma relação de amizade e alinhamento político com Trump. A presença do ex-presidente brasileiro na posse seria uma demonstração de força e continuidade dessa aliança, além de um momento simbólico para os conservadores e liberais brasileiros que veem em Trump um modelo de liderança.
A retenção do passaporte de Bolsonaro é resultado de uma decisão judicial do ministro Alexandre de Moraes, que em fevereiro de 2024 ordenou a apreensão do documento em meio a investigações conduzidas pela Polícia Federal. A operação “Tempus Veritatis” visa apurar tentativas de golpe após as eleições de 2022, no que muitos consideram uma investigação com motivações políticas, especialmente considerando a polarização na política brasileira.
A defesa de Bolsonaro argumenta que a proibição de viagem não tem fundamento concreto, já que o ex-presidente tem demonstrado disposição para cooperar com as investigações e não representa risco de fuga. Aliados de Bolsonaro, como o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), têm criticado a decisão do STF, acusando o tribunal de agir com parcialidade e de tentar isolar Bolsonaro no cenário internacional.
A comunidade bolsonarista vê na decisão do STF um ataque à democracia, alegando que Bolsonaro, como ex-presidente e figura política relevante, deveria ter o direito de participar de eventos internacionais que reforçam sua influência e a de seus aliados. A ausência de Bolsonaro na posse de Trump é interpretada como um esforço para minar sua autoridade e seu papel na política global, especialmente em um momento em que Trump retorna ao cenário mundial.
A reação nas redes sociais e em eventos de apoio a Bolsonaro tem sido de indignação, com muitos chamando a decisão de “perseguição política”. Há também chamados por uma revisão judicial que considere o direito de ir e vir, além da importância diplomática e simbólica da presença do ex-presidente na posse de Trump.
Enquanto isso, a decisão do STF é vista como mais um capítulo na conturbada relação entre o Judiciário brasileiro e a figura de Jair Bolsonaro, levantando questões sobre a independência e a imparcialidade do poder judiciário no contexto político brasileiro.
Share via: