O presidente Luiz Inácio Lula da Silva está articulando uma nova estratégia para se aproximar do eleitorado evangélico, um dos segmentos mais influentes do cenário político brasileiro, após pressões de aliados que apontam a necessidade de fortalecer laços com essa base. Nesta segunda-feira, 7 de abril de 2025, fontes do Palácio do Planalto revelaram que o governo planeja lançar um pacote de políticas públicas voltadas para a família, com foco em valores que dialoguem diretamente com as prioridades das comunidades evangélicas.
A iniciativa surge como resposta às críticas de líderes do PT e de partidos aliados, como o PSB e o PCdoB, que cobraram de Lula uma postura mais ativa para reverter a perda de apoio entre os evangélicos, um grupo que majoritariamente respaldou Jair Bolsonaro nas eleições de 2022. Entre as medidas em discussão estão incentivos fiscais para igrejas que promovam ações sociais, ampliação de programas de assistência a famílias vulneráveis e a criação de campanhas educativas com mensagens alinhadas a princípios conservadores, como a valorização do núcleo familiar.
“Lula sabe que não pode ignorar esse público. É um eleitorado que decide eleições e que precisa sentir que o governo os ouve”, afirmou um interlocutor próximo ao presidente, sob condição de anonimato. Nos bastidores, a movimentação também é vista como uma tentativa de contrabalançar a influência de figuras como o pastor Silas Malafaia, que tem intensificado críticas ao governo em eventos como o ato na Avenida Paulista no último domingo (06).
A estratégia inclui ainda a nomeação de figuras evangélicas para cargos estratégicos no segundo escalão e a ampliação do diálogo com lideranças religiosas regionais. Um dos primeiros passos foi a reunião de Lula com pastores de igrejas pentecostais no início de março, onde ele prometeu “políticas que respeitem a fé e a família”. O Planalto também estuda parcerias com emissoras de rádio e TV evangélicas para divulgar os programas sociais do governo.
A oposição, no entanto, já reagiu. Parlamentares ligados à bancada evangélica, como o deputado Marco Feliciano (PL-SP), acusaram Lula de oportunismo. “Ele quer o voto dos evangélicos, mas não entende nossa essência. Isso é só política barata”, disparou Feliciano em entrevista. Enquanto isso, analistas apontam que o sucesso da estratégia dependerá da capacidade do governo de traduzir promessas em ações concretas, especialmente em um contexto de polarização política.
Com as eleições municipais de 2026 no horizonte, Lula parece determinado a reconquistar um espaço que já foi parcialmente seu, mas que hoje exige uma abordagem mais pragmática e alinhada aos anseios desse público-chave.
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