A Confederação Brasileira de Futebol (CBF) vive um novo capítulo de instabilidade com o afastamento de Ednaldo Rodrigues da presidência, determinado pela Justiça do Rio de Janeiro na quinta-feira, 15 de maio. Em meio ao caos, Ronaldo Fenômeno, ex-jogador e ídolo da seleção brasileira, usou as redes sociais para ironizar um manifesto assinado por 19 das 27 federações estaduais, que defendem “estabilidade, renovação e descentralização” na entidade. Com um simples “Agora?”, acompanhado de um emoji pensativo, Ronaldo questionou a súbita mudança de postura das federações, que, em 2024, negaram apoio à sua tentativa de candidatura à presidência da CBF.
O afastamento de Ednaldo Rodrigues foi motivado por uma decisão do desembargador Gabriel de Oliveira Zéfiro, da 19ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJ-RJ), que declarou nulo um acordo homologado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) em fevereiro de 2024. O documento, que legitimava a eleição de Ednaldo em 2022, é alvo de suspeitas de falsificação da assinatura de Antônio Carlos Nunes de Lima, o Coronel Nunes, ex-vice-presidente da CBF. Um laudo pericial, anexado ao processo, aponta que Nunes, de 86 anos, sofre de déficit cognitivo, hidrocefalia, tonturas e ataxia, condições agravadas por uma cirurgia em 2023, o que levanta dúvidas sobre sua capacidade de assinar o acordo.
Ronaldo, que em março de 2024 desistiu de concorrer à presidência da CBF por falta de apoio, aproveitou o momento para cutucar as federações. Em sua tentativa de candidatura, o ex-atacante relatou que 23 das 27 entidades estaduais se recusaram a recebê-lo, alegando “satisfação com a atual gestão” de Ednaldo. Para registrar uma chapa, Ronaldo precisava do apoio de pelo menos quatro federações e quatro clubes das Séries A ou B do Campeonato Brasileiro, algo que não conseguiu. “Não pude apresentar meu projeto, levar minhas ideias e ouvi-las como gostaria”, lamentou na época.
O manifesto das federações, publicado no mesmo dia do afastamento de Ednaldo, critica a “estrutura excessivamente centralizada” da CBF e pede uma gestão mais democrática. O documento, assinado por entidades como as federações do Rio de Janeiro, Goiás, Amazonas e outras, foi visto por Ronaldo como uma contradição, já que essas mesmas federações apoiaram Ednaldo de forma unânime em sua reeleição, 52 dias antes. A ironia do ex-jogador repercutiu nas redes sociais, com torcedores e jornalistas debatendo a crise de governança no futebol brasileiro.
A decisão judicial também nomeou Fernando Sarney, vice-presidente da CBF, como interventor, com a missão de convocar novas eleições “o mais rápido possível”. A data de 25 de maio foi estipulada para o pleito, mas Ednaldo Rodrigues recorreu ao STF, pedindo a anulação da decisão do TJ-RJ e o respeito a uma liminar de janeiro de 2024, concedida pelo ministro Gilmar Mendes, que o reconduziu ao cargo após um primeiro afastamento em 2023. O julgamento definitivo da ação que questiona a validade do acordo está marcado para 28 de maio.
A crise na CBF ganhou contornos ainda mais complexos com denúncias contra Ednaldo. Além da suspeita de falsificação, o dirigente enfrenta acusações de assédio, gestão temerária e práticas autoritárias, conforme apontado por uma reportagem da revista Piauí. A relação entre Ednaldo e o ministro Gilmar Mendes também está sob escrutínio, devido à parceria comercial entre o Instituto Brasileiro de Ensino, Desenvolvimento e Pesquisa (IDP), fundado pelo magistrado, e a CBF Academy, o que levanta debates sobre possíveis conflitos de interesse.
Enquanto a CBF vive um vácuo de poder, o futuro do futebol brasileiro permanece incerto. A escolha de Carlo Ancelotti como técnico da seleção, anunciada como uma vitória política de Ednaldo, agora está sob ameaça, com o interventor Fernando Sarney garantindo que a contratação será mantida. Para os torcedores, a instabilidade na entidade reforça a necessidade de reformas profundas. Acompanhamentos sobre o caso podem ser feitos pelo site oficial da CBF (cbf.com.br) e por veículos esportivos.
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